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domingo, 26 de dezembro de 2010

DOIS MIL E ONZE


Antes de fazer a lista de pedidos para 2011, quero re-contar uma história.
"Há milhares de anos havia duas serpentes: o prazer e o sofrimento. As duas brigavam muito, até que, um dia, Zeus resolveu amarrá-las juntas." - Resultado: quem busca uma, sempre encontrará a outra. Assim, quem procura pelo prazer, inevitavelmente encontra o sofrimento, sendo verídico o seu contrário. E o amor? O amor fica no meio do sofrimento e do prazer, pois ele mescla os dois, sendo, portanto, impossível amar sem sofrer! Fazer o que né? Zeus quis assim!
Daqui à uns dias, 2010 chega ao fim e sem dúvidas foi um ano de muito amor e sofrimento o bastante. Mas em troca, cresci o tanto que precisava crescer, foi um intensivão! Vi novas possibilidades onde antes estavam medos e agora me conheço bem mais do que antes!
Gostaria de aproveitar para agradecer aos meus amigos, por terem me dado amor, carinho e terem estado ao meu lado. Quero agradecer ainda mais a todos os desafetos que me fizeram sofrer um bocado: hoje sou muito mais forte do que antes! Muito Obrigado!
Dessa vez não vou fazer muitos e muitos pedidos. Na verdade, a maioria destes desejos de ano novo não se realizam. Em 2011 vou fazer diferente: ser menos exigente, mais agradecida e quero apenas que eu me permita viver mais e fazer parte dos planos e propósitos que a vida tem para mim! Isto é o que peço para 2011!
Ah, e é claro: amar, amar, amar, amar, amar, amar, amar e amar! Amar! Sofrer por amor? Quando for necessário, mas agora, nem me preocupo, só ano que vem!
Feliz 2011, para todos e que o amor desperte o que os sonhos podem trazer de melhor! Até o ano que vem :)
Karla Vivianne

Um Feliz Natal à todos!


"Feliz, feliz Natal. Merecemos (...)"

sábado, 25 de dezembro de 2010

Essa branca ama esse preto

Maria Bonita tava 'catando' feijão
Pra baião-de-dois fazer
Pra ficar bem gostoso
Pra 'mode' o Zé comer!

Maria Bonita pensava
No brilho do sorriso daquele Zé
Era faceriro aquele caboclo
Ela o ama da cabeça ao pé!

Maria Bonita ainda
Pensava naquele negruinho
E de tanto pensar, acabou esquecendo
E deixando queimar o baião-de-dois todinho!

Maria Bonita ficou tão triste
Inconformada por ter 'faiado'
O Zé, nem ligou pro baião-de-dois
Queria da sua amada, um sorriso estampado!

Maria Bonita ficou tão feliz
Que até fez esse verso pro seu 'nêgo'
Pra provar que existe amor de verdade,
E dizer que essa branca ama esse preto!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

"Topada"


Nem parecia domingo. Acordei. Dormi de novo. Acordei novamente ao som do bem-te-vi, que bem-queria-me-ver! Corri pro jardim pra ver a nove-horas desabrochar e, - talvez você não saiba, mas é uma das flores mais lindas do meu jardim - que linda estava! Voltei à cozinha pra tomar um copo de leite. Corri pra rede da varanda. Deittei, coxilei, sonhei com meu anjo... Depois dei bom dia ao Caio. Sorrisos. Suspiros. Bons à beça! Na frente da varanda tinha um 'alpendre', corri pra lá, sentei-me. Olhei o céu que existia à minha frente: clarinho, azulzinho, grandinho. O jardim que alí estava abrigava várias delicadezas: a margarida, os guarda-chuvas amarelo e vermelho, as rosas, as... Todas lindas! De repente, de tanto apreciar, me invadiu uma vontade imensa de sentir a terra molhada nos meus pés... Foi aí que topei numa pedra e quase caí - veja bem, quase! -. Ri feito criança! Como se alguém me fizesse cóssegas... (Acho que esse alguém sabe porque eu ri tanto assim...)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Banho de chuva


' ... Ontem de manhã acordei tão bem! Senti amanhecer por dentro. Aquela cóssegazinha de felicidade que dá quando a gente tá de bem com o mundo! E logo cedo fui dar bom dia às minhas flores, e sentir o perfume do meu jardim. Mais tarde fui sorrir pro meu anjo: praticar o carinho de todo dia. (...) Não demorou muito pra chuva chegar. Sem o pôr-do-sol e o seu brilho, me contentei com um bom banho de chuva, e com o barulho das gotas formando acordes junto ao meu corpo. A menininha que mora aqui dentro, voltou. Aliás, ela também está sempre comigo. Principalmente quando é pra viver! ..'


Karla Vivianne

Montanha-russa


"Nunca mais tinha andado de montanha-russa. Ontem de manhã senti a mesma sensação de anos atrás: um friozinho enorme me fazendo cóssegas por dentro e uma insensata confusão em meus pensamentos. Queria fantasiar esse momento, mas não pude. Era único. Como sempre foi. A possível difereça era a distância, que contribuiu para que houvesse um desquite. (...) Tive saudade da turma de 2004. Estava entre verdadeiros anjos! Eram inconstantes assim como eu. Mas ao menos me entendiam e se faziam presentes! Gostávamos de montanha-russa também. E todas as manhãs sentíamos cóssegas de bons dias! (...) Hoje de manhã, o velocímetro do carro do papai se assemelhava ao meu coração: feito parque de diversão!"

Karla Vivianne

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Amigo das cinco da manhã


"Para mim, atualmente, companheirismo e lealdade são meio sinônimos de felicidade. Meus amigos são muito fortes e muito profundos, são amigos de fé, para quem eu posso telefonar às cinco da manhã e dizer: Olha, estou querendo me matar, o que eu faço? (...) Eles me dão liberdade para isso, não tenho relações rápidas, quer dizer, tenho porque todo mundo tem, mas procuro sempre aprofundar. E isso é felicidade, você poder contar com os outros, se sentir cuidado, protegido. Dei esse exemplo meio barra pesada de me matar... Esquece, posso ligar para ver o nascer do sol no Ibirapuera às cinco da manhã. Já fiz isso, inclusive."

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

' .. tudo passa... '

"Se tudo passa, talvez você passe por aqui."
Humberto Gessinger

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Por quê, hein?

"Daí que a vida da moça foi ficando um inferno. Ela não pensava noutra coisa o dia inteiro. Só no amor que sentia. Pensava no amor que sentia pelo príncipe o dia inteiro, nem comia mais direito, nem dormia, nem trabalhava nem nada. As princesas e a rainha ralhavam com ela o tempo todo. Passava o ano todo esperando o príncipe vir de férias. Mas quando ele vinha, a moça ficava ainda mais triste. — Por quê, hein? — Porque ela via ele todos os dias. — Ué, mas não era então pra ela ficar alegre em vez de triste? — Não, porque o príncipe não ligava mesmo pra ela".

Caio F. Abreu

Historinha da Juçara


"Vocês conhecem o chorão? Aquela árvore assim alta, magra, meio despencada, com uns galhos compridos até o chão? Pois diz a Juçara que o chorão não era assim. Era uma árvore toda esticadinha, muito orgulhosa e antipática. Ela morava na beira de um lago bem clarinho. Pois imagina que o Chorão — que naquele tempo não se chamava chorão, mas salgueiro — inventou de se apaixonar pela Lua. Só que o Lago também se apaixonou, ao mesmo tempo. Ficavam os dois, o Chorão e o Lago, todos suspirosos quando a Lua aparecia atrás da montanha, ao anoitecer. Tantas caras e bocas fizeram que um vaga-lume muito fofoqueiro ouviu a história da tal paixão e foi contar pra Lua. A Lua, claro, ficou muito envaidecida. Quem que não gosta que os outros se apaixonem pela gente? Pois a Lua mandou dizer aos dois apaixonados que, na próxima sexta-feira, quando estivesse bem cheia e aparecesse atrás da montanha, o pretendente que estivesse mais bonito, na hora ela ficava noiva. O Chorão ficou na maior empolgação. Fez amizade com o vaga-lume, interesseiro que era. E pediu a ele que chamasse todos os amigos vaga-lumes para enfeitá-lo todo, na sexta-feira de tardezinha. O pobre do Lago era muito desajeitado e humildezinho. Até tentou se enfeitar um pouco, mas os enfeites todos escorregavam na superfície dele e acabavam afundando. Quando chegou a sexta-feira, o Chorão estava lindaço, cheio de vaga-lumezinhos vaga-lumeando brilhosos nos galhos. Parecia uma árvore de Natal. E tão atrevido! Debochava horrores do pobre Lago, que só tinha uns peixinhos muito assustados espiando de vez em quando. A Juçara diz que aquele salgueiro estava um nojo, de tão exibido e certo de que ia ficar noivo da Lua. Mas acontece que, na hora em que a Lua apareceu atrás da montanha, ela viu todo aquele brilho do salgueiro refletido — onde? Ora, nas águas do pobrezinho do Lago, umas águas muito limpinhas e quietas. Claaaaaaaaro que ela achou o Lago muitíssimo mais bonito. Aí ficou noiva dele na hora, e nas sete noites de lua cheia vem se banhar nua nas suas águas quentinhas. O salgueiro? Ah, ficou tão desapontado que começou a despencar, despencar, despencar até virar essa árvore tristonha que a gente agora chama de chorão. Não é bonita a historinha da Juçara? Você pode achar um pouquinho triste, também, mas eu acho ótimo que o chorão tenha sido castigado pelo seu orgulho. Daí, penso também outra coisa de gente grande: não adianta muito você se enfeitar todo pra uma pessoa gostar mais de você. Porque, se ela gostar, vai gostar de qualquer jeito, do jeito que você é mesmo, sem brilhos falsos."


Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dias atrás

... Há dois dias atrás eu andei falando com o Caio. Disse à ele que tudo o que estava se passando comigo. Ele, sempre calmo e sereno nas palavras, disse-me que estar apaixonado não é nenhum crime. E ainda mais quando não se é correspondido. Disse-me que por mais que fosse doloroso esperar pra que algo acontecesse, era necessário que eu esperasse. Eu lhe contei que por esses dias conheci um novo anjo, à quem senti firmeza nas palavras - e, que talvez me ajudasse à esquecer de alguém do qual só quero lembrar, supus - . Ele me disse pra deixar fluir. Somente. Assim saberia depois, qual teria sido a melhor escolha. Pediu-me pra que eu não tomasse nenhuma atitude precipitada. Só me avisou pra segurar o coração, que tudo aconteceria à seu tempo. Á meu favor, ou não... (...) Muito obrigada, Caio. Vou cuidar pra que seja tudo muito doce!

K.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Feito limão


Eu nunca pensei bem em como falar da solidão. Sempre repetia: 'É solidão, desta vez vou te deixar sozinha!'. E hoje, ocorreu exatamente o contrário. Não é que eu me sinta só: estamos eu e a solidão, e fazemos companhia uma à outra. Isso é raro. Ainda mais comigo que sempre esbanjo sorrisos pra todos os lados. Mas vai saber! (...) A verdade é que eu tô cansada de tanto tomar choque de realidade sem querer. Tô roxa! Roxa de tanto ir em frente, e mais na frente, quebrar a cara! Vai ver é isso que a vida quer de mim: que eu fique roxa. Que eu mude de cor. Que eu não volte a ser como antes, que eu sempre me renove. Confesso que é um processo lento e muito difícil. Mas eu aprendo. Peguei experiência nesse negócio de ficar roxa. Um machucado à mais, ou à menos nem faria diferença... (...) Antes que eu esqueça, vou alí na farmácia da esquina comprar o esparadrapo pra pôr na ferida. E depois quem sabe vou alí tomar um suquinho de limão pra ver se adoço! Beijos, e até a próxima! ;*


Karla Vivianne

sábado, 11 de dezembro de 2010

Hoje o céu mudou de tom


"... eu tinha tido vários dias cinzas, mas bastou um sorriso pra que tudo mudasse. Hoje o céu mudou de tom! (...) As minhas flores voltaram a desabrochar com a mesma leveza de antes. O meu sol passou a brilhar mais. No meu céu tinha um arco-íris bem desenhado... Tudo acontecia no instante certo, e proporcionava sensações indescritíveis. Enquanto tudo aqui dentro fervia, tudo lá fora corria como num dia qualquer. Eu sabia que não era um dia qualquer. Era um dia de novo tom, era um dia em que o céu me transmitia paz por dentro... Me transmitia felicidade!..."

Karla Vivianne

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Vai passar


Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Tomara


Tomara que a neblina das circunstâncias mais doídas não seja capaz de encobrir por muito tempo o nosso sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer para ver também um bocadinho de céu.
Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos roubem o entusiasmo para semear de novo. (...)
Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de busca a ideia da alegria.
Tomara que apesar dos apesares todos, dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão da felicidade.

Tomara.


Ana Jácomo

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

"Carta ao meu pôr-do-sol"


Eu estava sem nada pra fazer, amor. Tinha faltado luz, energia elétrica, você sabe! Andei pela casa toda e vi que na varanda tinha uma rede no cantinho, de camarote pro pôr-do-sol. Voltei no meu quarto e peguei o lápis e o caderno, resolvi te escrever. Quando eu deitei na rede e senti o ventinho gostoso no meu rosto, lembrei de você... Olhei pro horizonte, e vi o pôr-do-sol alaranjado sorrindo pra mim! (...) Já com o caderno aberto, cá estou preenchendo essas linhas, me sentindo vida e, de uma forma absurda, nunca estive tão bem! E não pense, amor, que só porque a luz se foi por minutos, que resolvi te escrever. Não! Eu venho aqui todos os dias: me deito na redinha da varanda, vejo o plano de fundo que o pôr-do-sol faz, sinto o gostinho do vento, adormeço por alguns minutos. Mas em nenhum desses dias senti tanta vontade de te escrever como hoje. (...) E o tempo aqui vai mundando, amor: o meu pôr do sol foi se pondo, a minha lua foi chegando, e as minhas estrelas foram brilhando, e aquele ventindo bom, agora veio friozinho, com gostinho inigualável de chuva. E mais tardar, veio a garoa: linda, cheirosa e cheia de significados! Não fiquei pra ver a chuva toda, amor. Eu tive que ir porque se não iria gripar. Mas vontade tinha, e muita, de ficar debaixo daquele presente de São Pedro! (...) Pra finalizar, amor, espero que você esteja bem. E imagino que a sua noite tenha sido ótima com esse presente dos céus! Eu sei que você adora! Enfim... Tenho que acabar por aqui, deixei um chocolate quente me esperando! Mas volto a te escrever, amor! Fica com Deus!

Beijos de luz!

Maria Valentina

domingo, 5 de dezembro de 2010

Só quero que termine bem! II


E o dia anterior se suscedeu bem. A noite, quando chegou, me trouxe a lua novamente de presente, só que desta vez ela veio com suas filhas, as estrelas. Elas me trouxeram um pouco mais de brilho, e luz. Voltei a sorrir. (...) Caio não me deixa mais em paz. Me fez perguntas novamente sobre o mesmo assunto. Cansei amor, cansei dessas perguntas retóricas. Me fale de você! Diga como vão as coisas por aí. Diga-me o que os anjos lhe ensinam. Fale das nuvens: como são? E as estrelas, você ri muito com elas? E a lua, o que têm lhe dito? Me fale das simplicidades e das vicissitudes aí do céu! Me deixe à par das coisas que lhe acontecem, me diga o que você faz, me fale ao menos uma coisa que você tem feito pra passar o tempo... Mas não me faça mais essas mesmas perguntas que me enervam o pensamento! Cansei por hoje. Deixe a nossa conversa fluir por outros motivos, por favor. E me ponha pra durmir hoje. A lua está muito ocupada cuidando de suas filhas. E, se puder e, s'eu não te levar muito tempo, reconte-me uma de suas 'Pequenas Epifanias', lhe serei muito grata! O que eu mais quero é acordar pela manhã rindo novamente!
E pra que a noite seja tranquila, eu só quero, e rezo, pra o meu dia termine bem!²
Karla Vivianne

sábado, 4 de dezembro de 2010

Só quero que termine bem!


Apesar do cansaço, ontem fui durmir bem tarde. Mas estava bem acompanhada da lua, que sempre se faz presente nos meus dias cinzas. Foi ela quem me pôs pra durmir. Sonhei com algo amargo. Isso me atrapalhou do aspecto da "boa noite de sono". Não gostei. (...) Pela manhã fui surpreendida com a doce e inigualável voz do Caio, que me perguntou se eu ainda vivia. Respondi-lhe que tudo o que eu mais queria era viver, e não sobreviver, como faz o resto do mundo. Ele me citou um de seus livros em que a estória era aparentemente parecida com a minha: o único porém seria a moçinha, que não morria e, que por mais que fosse difícil viver, ela continuava com a mesma fé. Eu o compreendo, Caio! Você veio me consolar! Mas a ficção não é tão parte de mim assim. Me desculpe. Essa moça não sou eu e, ao contrário dela, eu já morri. Só estou esperando alguém pra me fazer nascer novamente. (...)
A minha manhã transcorreu calma. E o meu dia... Bem, o meu dia eu só quero, e rezo, pra que termine bem!

Karla Vivianne

Minha Lua


Eu escutava Los Hermanos, e ela, alí estava bem presente em qualquer canto, ou qualquer brecha. Sabia que ela lia os meus pensamentos, e eu, ria por saber que eu pouco sei dela. Mais tardar, ouvi o seu sorriso, e a sua voz dizer que eu tinha escolhido um bom caminho. Eu deixei a música baixinho, e escutei um sussurro bem firme: "Deixa estar, que o teu dia mais feliz há de chegar! ". E confiei. E tive certeza. E ri, e ri.

Karla Vivianne

Dias de pura fumaça

Hoje eu queria que caísse um daqueles torós, de assustar qualquer um. Queria poder me jogar debaixo dessa chuva, e tomar um banho daqueles de lavar a alma! Queria que essa água que insiste em cair, derrame; e que leve consigo toda essa dor que eu sinto agora, que rasga o meu peito, que dilacera tudo aqui dentro...
Anda São Pedro, pára de ser exibido, manda logo essa água toda que é pra eu derreter nela, como derrete o vidro no fogo ardente! Deixa disso! E liga logo os chuveiros aí de cima, que é pra dar banho nessa minh'alma suja!

Karla Vivianne

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

É passageiro


"Por que para viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, mas que tem que ser ouvida. Na vida a gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói. Eu sei como dói. Mas passa. Tá vendo a felicidade ali na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o único jeito de deixá-la pra trás é continuar andando. Você vai ser feliz. Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la e rir da cara dela!"

Karla Vivianne

Caio F.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Seja justo


Me irrite. Me faça ciúmes. Me diga que estou sendo chata. Me diga que sou grossa. Me faça cócegas. Me fale coisas lindas. Me faça sorrir. Me abrace. Me ligue. Me faça sonhar. Me faça uma música. Me diga qualquer coisa com essa sua voz linda. Me diga que vai sair com outra, e apareça de surpresa. Me mostre a realidade. Me de conselhos, daqueles que só você sabe. Me de esperanças, mas só se for se realizar. Me deseje sorte. Me ame. Mas o principal, se não pretende fazer nada disso, me faça te esquecer. É justo.



Maria Valentina

Carta de um pai ao filho


Amado Filho,

O dia em que este velho já não for o mesmo, tenha paciência e me compreenda. Quando eu derramar comida sobre minha camisa e esquecer como amarrar meus sapatos, tenha paciência comigo e se lembre das horas que passei te ensinando a fazer as mesmas coisas. Se quando conversa comigo, repito e repito as mesmas palavras e sabes de sobra como termina, não me interrompas e me escute. Quando era pequeno, para que dormisse, tive que contar-lhe milhares de vezes a mesma estória até que fechasse os olhinhos. Quando estivermos reunidos e, sem querer, fizer minhas necessidades, não fique com vergonha e compreenda que não tenho a culpo disto, pois já não as posso controlar. Pensa quantas vezes quando menino te ajudei e estive pacientemente a seu lado esperando que terminasse o que estava fazendo. Não me reproves porque não queira tomar banho; não me chames a atenção por isto. Lembre-se dos momentos que te persegui e os mil pretextos que tive que inventar para tornar mais agradável o seu banho. Quando me vejas inútil e ignorante na frente de todas as coisas tecnológicas que já não poderei entender, te suplico que me dê todo o tempo que seja necessário para não me machucar com o seu sorriso sarcástico. Lembre-se que fui eu quem te ensinou tantas coisas.
Comer, se vestir e como enfrentar a vida tão bem com o faz, são produto de meu esforço e perseverança.

Quando em algum momento, enquanto conversamos, eu chegue a me esquecer do que estávamos falando, me dê todo o tempo que seja necessário até que eu me lembre, e se não posso fazê-lo não fique impaciente; talvez não fosse importante o que falava e a única coisa que queria era estar contigo e que me escutasse nesse momento.
Se alguma vez já não quero comer, não insistas. Sei quando posso e quando não devo.
Também compreenda que, com o tempo, já não tenho dentes para morder, nem gosto para sentir. Quando minhas pernas falharem por estarem cansadas para andar, dá-me sua mão terna para me apoiar, como eu o fiz quando começou a caminhar com suas fracas perninhas.
Por último, quando algum dia me ouvir dizer que já não quero viver e só quero morrer, não te enfades. Algum dia entenderás que isto não tem a ver com seu carinho ou o quanto te amei. Trate de compreender que já não vivo, senão que sobrevivo, e isto não é viver. Sempre quis o melhor para você e preparei os caminhos que deve percorrer. Então pense que com este passo que me adianto a dar, estarei construindo para você outra rota em outro tempo, porém sempre contigo. Não se sinta triste, enojado ou impotente por me ver assim. Dá-me seu coração, compreenda-me e me apóie como o fiz quando começaste a viver. Da mesma maneira que te acompanhei em seu caminho, te peço que me acompanhe para terminar o meu. Dê-me amor e paciência, que te devolverei gratidão e sorrisos com o imenso amor que tenho por você.

Atenciosamente,

Teu Velho.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os ensinamentos secretos de todos os tempos


"Viver no mundo sem ter consciência do significado de mundo é como vagar por uma imensa biblioteca sem tocar os livros."
(Dan Brown - O símbolo perdido)