A menina que colecionava raios

Outra vez. Dessa, a coisa melhorou muito. A última, entretanto, teria sido mais uma experiência, digamos, passageira e premeditada. Já se poderia imaginar o que iria acontecer com a menina-anjo. Lembram dela? Pois bem, é dessa colecionadora de raios que volto a falar com mais frenquencia e, que hoje, está muito mais feliz com a escolha do quarto raio. (...) Enfim, passada a dúvida do 3º raio, a menina não acreditava que poderia se reerguer novamente. Mas, como diz um velho amigo meu: decepção é uma forma de Deus dizer: tenho algo (muito, muito, muito) melhor pra você!*; e esse conselho sim, a minha querida e doce menina angelical soube ouvir atentamente. Já não aguentava mais cair do cavalo! Foi aí que o quarto (lindo, encantador, gentil, educado, quase-perfeito) raio surgiu não-se-de-onde para mostrar que ele sim, era o raio certo! Ficou insegura, inicialmente, à respeito dele, decidiu não arriscar muito. Apostou algumas fichas, mas não todas, segundo ela, seria se entregar demais em menores coisas. Enganava-se ela, em pensar que era uma 'coisa menor' - literalmente falando. Aquele ser de quase dois metros de altura chegou para mudar muitas e muitas coisas dentro daquele pequeno anjo. (...) Um bom tempo se passou para que pudesse decidir se dessa vez (rezando para que fosse a última), valeria a pena apostar tudo em uma só pessoa. Resta saber se essa foi a escolha certa. Mas menina, escuta, não te arrependas das fichas apostadas, e nem das noites bem dormidas, ou até das inesquecíveis ligações fora de hora... Não, não têm por que esquecê-las, e deixá-las virar pó. Ao contrário, cultiva tudo numa caixinha e guarda para que depois, - nem que restem só as lembranças - você possa sorrir ao lembrar de tudo, assim como faz agora, lendo o que te escrevo. Chore, se preciso for, mas não te arrependas. A vida fica muito mais fácil se sabemos onde ficam as companhias de que mais precisamos! E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir. E só!*...

(Karla Vivianne and citações de Caio Fernando Abreu*)