"Maria anda como eu. Impossibilitada de fazer tudo o que quer. Tem mãos amarradas, ar de doente, olhar de demente, cansada. Maria vai acabar como eu:covarde nas decisões, amante das cousas indefinidas e querendo compreender suicidas. Maria vai acabar assim sem rumo, andando por aí, fazendo versos e tendo acessos nostálgicos. Maria vai acabar bem tristemente. De qualquer jeito, lendo jornais, tendo marido indefinido. (Não sei porque Maria quer compreender muito, demais a vida do suicida e Maria vai acabar se fartando da vida.) A vida, coitada, é camarada, gosta de Maria, quer fazer Maria viver mais, porque Maria é desgraçada, quer deixá-la para o fim, assim a mostra, e eu francamente não entendo porque Maria não gosta da vida."
(Hilda Hilst)
Nenhum comentário:
Postar um comentário